O dia do trabalho, o 1º de Maio, surgiu no bojo da lutas operárias realizadas no final do Século XIX e início do Século XX nos países ricos, notadamente na Europa e Estados Unidos. A luta dos trabalhadores se dava fundamentalmente em prol de melhores condições de trabalho, redução da jornada laboral para oito horas e liberdade de associação e organização sindical. No Brasil, as lutas operárias foram protagonizadas principalmente pelos imigrantes, de modo especial, os anarquistas, sendo o 1º de Maio instituído em 1924 pelo Presidente Arthur Bernardes. Podemos dizer que a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) de 1943 e logo depois a Constituição de 1988 consolidam-se como dois momentos emblemáticos da afirmação de uma pauta reguladora entre o capital e o trabalho no Brasil.
Contudo, no Brasil, a partir da década de 1990, assistimos ao desmonte progressivo dos mecanismos institucionais de regulação entre o capital e o trabalho. As Contra Reformas Trabalhistas de Temer (2017) e Jair Bolsonaro (2019) levaram ao extremo a retirada de direitos dos trabalhadores e à diminuição significativa da sua proteção social. Desse modo rompe-se de um marco civilizatório: o trabalho passa a ser cada vez mais submetido à dinâmica do capital financeiro volátil, tornando-se mais precário, incerto, sazonal, mal remunerado e penoso. Neste quadro ele deixa de ser central na constituição da identidade do sujeito, com consequências profundas para a vida social.
Mas atenção! Precisamos não perder de vista que o mercado de trabalho brasileiro sempre foi estruturalmente diverso e desigual, no qual rotatividade e informalidade constituem uma realidade, sobretudo para mulheres e negros. As Contra Reformas Trabalhistas de Temer e Bolsonaro somadas ao contexto da Pandemia do Covid 19 exacerbaram esta realidade perversa.
Recuperar o protagonismo do trabalho em relação ao capital afirma-se como uma das agendas mais significativas e difíceis deste novo século. Significativa se atentarmos ao dado sociológico de que o trabalho é de fato a “chave de toda a questão social”. Difícil porque esta agenda precisará ser conduzida em um mundo novo e por sujeitos provavelmente novos no qual retornar a um suposto passado industrial glorioso não somente é inoportuno como impossível.
Por fim, o cenário brasileiro de verdadeiro colapso no mundo laboral, com milhões de desocupados, recessão econômica e vida cada vez mais precarizada, coloca, no Pós Pandemia, desafios organizativos enormes para as pastorais sociais da Igreja, principalmente para a Pastoral Operária. No contexto da metáfora do “Hospital de Campanha” proposto pelo Papa Francisco, isso significa dizer que o discurso emancipatório típico destas pastorais terá que aprender a conviver com a dinâmica do cuidado e da assistência imediata. Pois sem dignidade e barriga vazia ninguém faz mudanças! Que São José Operário, nos ajude a discernir os sinais dos tempos!
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Convite: Missa Virtual do Dia do Trabalho
1º de Maio, às 9h
Missa na Catedral de Campinas-SP
Presidida pelo nosso Arcebisbo Dom João Inácio
Celebração da Vida de São José Operário e da Vida e Luta dos Trabalhadores e Trabalhadoras
Será Virtual e Transmitida pela Rádio Brasil de Campinas-SP. Clique Aqui para Acessar a Rádio Brasil AM 1270 CAMPINAS-SP
Arnaldo Valentim Silva
Diretor de Escola