2021: O Genocídio Continua e Nossa Luta Também

Todos nós sabemos que os números são claramente subestimados, mas, após um pouco mais e um ano da pandemia da covid-19, o número de mortos já ultrapassa os 420 mil no Brasil. Caminhamos para meio milhão de mortes em breve, indicando uma ação catastrófica da doença, devido a novas variantes do vírus, a ausência de medidas adequadas de isolamento social, a ausência de auxílio financeiro emergencial adequado para as pessoas que precisam e a desastrosa política de vacinação adotada pelo governo federal.

2021: O Genocídio Continua e Nossa Luta Também
Fonte da Imagem: O Globo

O presidente Jair Bolsonaro é o maior aliado do vírus, porque a estratégia institucional de propagação do vírus, promovida POR ELE E PELO SEU GOVERNO, demonstra o empenho a favor da ampla disseminação do vírus no território nacional, declaradamente, com o objetivo de retornar à atividade econômica, o mais rápido possível e a qualquer custo.

A política adotada pelo governo federal de não enfrentamento da pandemia da covid-19, pretende se apoiar no uso de medicamentos sabidamente ineficazes (cloroquina e ivermectina), assim como a busca de uma ilusória imunidade de rebanho. No entanto, a ciência nos explica que a descontrolada disseminação viral, na realidade, cria as condições da aparição de novas variantes do vírus, ainda mais letais. Devemos lutar pela rápida vacinação de toda a população brasileira, pois a campanha de vacinação com extensa cobertura vacinal é a melhor e mais segura forma de alcançar o cenário da imunidade coletiva.

Uma atuação séria, mediante essa emergência sanitária nacional, pressupõe que os responsáveis por essa tragédia devam ser submetidos a julgamento e punidos. Nesse sentido, a sociedade deve pressionar o Congresso Nacional para o pleno funcionamento da CPI da pandemia, que deve buscar as responsabilidades de todos os envolvidos nessa tragédia.

Ao lado da doença que se espalha, a fome também segue fazendo vítimas.  A interrupção por vários meses do auxílio emergencial, o crescimento do desemprego e a inflação empurram parte importante da população brasileira para uma situação de miséria. As políticas implementadas pelo governo federal são diretamente responsáveis por todo este sofrimento. A desindustrialização, a desnacionalização da economia, a intenção e tentativa de privatização de empresas públicas (PETROBRAS, ELETROBRAS, Correios e o Banco do Brasil), o desmonte dos serviços públicos, que serão ainda mais atacados com a Reforma Administrativa, e os cortes em todas as áreas sociais já seriam desastrosos em qualquer cenário, mas agravam ainda mais a situação na pandemia.

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Fonte da Imagem: Carta Capital

Por outro lado, temos que destacar que os países mais bem-sucedidos no enfrentamento à pandemia superaram a dicotomia entre crise sanitária e crise econômica. Sem resolver a crise sanitária não haverá superação da crise econômica. As experiências bem-sucedidas apontam que é impossível controlar a pandemia sem a manutenção de investimentos públicos e fomento à economia, com renda para as famílias e pequenos negócios, essenciais para a adesão das pessoas às práticas de isolamento social. Até mesmo no berço do capitalismo, já se percebeu isso e nos EUA, Biden atua para mitigar os efeitos econômicos e sociais da pandemia; e o Governo Brasileiro pouco ou nada faz!

O Brasil, além de uma série de problemas sociais, tem tido muita dificuldade em temas como a preservação do meio ambiente e a questão cultural, que só se agravaram com a pandemia, com a ação/omissão do Governo Federal. Temos que defender políticas de inclusão e proteção social aos excluídos, assim com denunciar que esse sistema econômico que vivemos e que transforma o cidadão em consumidor; tudo isso está gerando uma deterioração da atuação pública e uma crescente ausência de respeito pela natureza e pelos outros seres humanos.

Lauro Marcondes

Advogado