Sou mulher, sou preta, sou mãe, sou mãe solo, sou da Igreja Católica -Pastorais Sociais, moradora da periferia. Minha formação educacional é no ensino superior em Pedagogia, pós-graduada, estou hoje como Diretora Educacional, atuante na Pastoral da Mulher Marginalizada, militante de movimentos sociais e dos Direitos Humanos…
Mas será que ainda assim há preconceito e discriminação em nossa sociedade e somos tratadas com diferença pelo gênero e ou pela cor da pele?
Afirmo esta questão com muita propriedade… Iniciei este texto propositalmente pela minha apresentação, das minhas origens, sobre minha formação e um pouco de quem sou eu.
Nesta apresentação nos deparamos com várias características que estão imbuídas para a contribuição para o racismo e a discriminação oriundas de séculos em nossa sociedade.
Relacionando com uma visão geral sobre a mulher no Brasil, nos deparamos com as condições socioeconômicas das mulheres pretas ainda muito piores do que as dos demais grupos, nos colocando em uma situação de vulnerabilidade social ainda maior. Temos que provar em até três vezes mais nossa capacidade intelectual para a inserção que vem atrelada a questão do estereótipo e estética, levando a condicionamentos impostos ditos e regrados. É necessário estar dentro de um padrão aceitável.
Enfrentamos enormes desafios para nos inserirmos neste mercado de trabalho desigual, intrinsicamente ligado as questões históricas-culturais, normativas e posicionamentos ligados as diversas formas de racismo e preconceito.
O mais interessante é que no Brasil, a maioria das mulheres se autodeclara preta, com grande percentagem de chefes de família, mas que diante da sua cor da pele estamos empregadas em trabalhos com salários inferiores e até mesmo informais. Ganhamos menos que a mulher branca e menos ainda que o homem.
Temos assim uma mentalidade influenciada pelos conceitos advindos da escravidão que feriram e deixaram cicatrizes profundas na garantia dos direitos humanos.
Nós mulheres pretas, somos maior representatividade, porém com sérias desvantagens aglutinadas a desigualdade de gênero e de raça.
Não há dúvidas que percorremos um caminho de muitas lutas com algumas vitórias alcançadas, contudo uma luta muito árdua ainda há de se trilhar, uma luta por equidade e por justiça e, uma luta para enfrentarmos o racismo e a discriminação em todos os seus âmbitos, uma luta para garantirmos direitos iguais.
“Lutamos para que possamos ser respeitadas como pessoas pretas cidadãs, sem violação de nossos direitos.”
(Dandara Costa, Kitara Rodrigues e Silvana Verissimo)
“Ser mulher preta é ser Resistencia”
Pela defesa da vida, por um país mais humano: PAZ E BEM!
POR FABIANA FERREIRA – PASTORAL DA MULHER MARGINALIZADA / CAMPINAS-SP