Vamos precisar de todo mundo para banir do mundo a opressão! Para construir a vida nova, vamos precisar de muito amor! [2]
Sabemos que a política está em tudo que fazemos e deveria ser um ato de Amor a serviço do bem comum, da construção do bem viver. Todavia é na disputa eleitoral, a política nas urnas, que vemos mais acirradamente a luta de classes, a escolha entre projetos de sociedade, de jeito de ser e de viver. Como militante de base já vivi muitas eleições bem de perto desde a redemocratização em 1982 e desde 2016 tenho participado por dentro dessa disputa como candidata, num ambiente bastante hostil para mulheres, principalmente as mulheres negras, já que os espaços de poder e decisão são ocupados majoritariamente por homens brancos, heteros de classe média alta.
Desde o golpe na presidenta Dilma, não na pessoa dela, mas naquilo tudo que ela representa, e que iniciou muito antes de 2016, está ficando nítido para nós que disputamos para além dos espaços de poder e decisão, disputamos as mentes e corações das pessoas. A extrema direita está organizada no mundo e está em crescimento encontrou no Brasil, desde 2018 com a eleição de Bolsonaro, um terreno fértil para proliferar sua ideologia do centralismo de poder, autoritarismo, violência, controle dos meios de comunicação, “conquistaram muitos corações e mentes”. E nós resistimos!
Foi uma eleição muito difícil, a eleição das nossas vidas! Ganhar as eleições no segundo turno com o presidente Lula, foi uma grande vitória. O mundo esperava por essa vitória e nós todos que não desistimos de lutar somos os vitoriosos com o Lula, as mulheres, os negros e negras, os indígenas, os/as LGBTQIA+, os pobres, as pessoas de religiões de matriz africana, dentre tantas “maiorias minorizadas”. Enfrentamos o golpe, a prisão injusta do Lula, a eleição de Bolsonaro em 2018, essa campanha acirrada com um derrame de dinheiro, aprovação de obscuras emendas parlamentares, antecipação do auxílio Brasil, o orçamento secreto, fake News de todos os tipos desde fechamento de igreja até banheiro unissex, empresários assediando seus funcionários e no dia das eleições até o impedimento de pessoas votarem no Nordeste com aquela ação da PRF. Lutamos contra um dragão, ganhamos uma batalha de uma guerra em curso.
Temos que comemorar muito, mas temos tarefas urgentes para derrotar o fascismo e a barbárie, desde enfrentar essas células de pessoas violentas que estão todas armadas e inconformadas com o resultado eleitoral até conseguirmos colocar o país em ordem, para que possa retomar o crescimento e devolver a vida ao povo e reconstruir o Brasil. Para isso precisamos continuar mobilizados nos comitês de luta popular para dar apoio às decisões do governo que se elegeu com a pauta em defesa da vida, contra a fome, a miséria e o desemprego. É a mobilização popular que vai dar legitimidade as decisões importantes desse início de governo e ajudar o Lula a trilhar pelo caminho certo. Como disse nosso presidente eleito na noite do dia 30 de outubro: “Esta não é uma vitória minha, nem do PT, nem dos partidos que me apoiaram nessa campanha. É a vitória de um imenso movimento democrático que se formou, acima dos partidos políticos, dos interesses pessoais e das ideologias, para que a democracia saísse vencedora”.
[1] Vera Faria: educadora infantil na Rede Municipal de Campinas, agente de pastoral, militante do PT, conselheira do CMDM
[2] Da letra da música Sal da terra de autoria de Beto Guedes. Disponível em: https://www.letras.mus.br/roupa-nova/63883/ acesso em 7/11/2022