Nos últimos anos o Brasil tem sido marcado por profundas polarizações políticas, ideológicas, culturais e religiosas. Essas polarizações além de isolar as pessoas e grupos de posicionamentos diferentes em suas respectivas “bolhas”, suscitaram as mais variadas formas de violência pois, eliminaram de seu horizonte o diálogo como ferramenta de superação das animosidades. Essas polarizações foram acentuadas com a pandemia de COVID-19 que obrigou as pessoas a se isolarem em suas casas, o que acabou tornando-as mais suscetíveis às fake news (notícias falsas) que majoritariamente fazem circular ódio e preconceito. É neste contexto, absolutamente difícil e complexo que a Campanha da Fraternidade Ecumênica de 2021 se insere. Sob o tema: “ Fraternidade e Diálogo: Compromisso de Amor” e o lema: “Cristo é a nossa paz: do que era dividido fez uma unidade.” (Ef.2,14) a quinta Campanha da Fraternidade Ecumênica tem como elemento fundamental o diálogo como ferramenta de superação de barreiras. Utilizando o já conhecido método VER, JULGAR, AGIR e CELEBRAR e tendo o relato do caminho de Emaús (Lc. 24,13-35) com fio condutor, o texto base traz um panorama detalhado dos diversos “muros” levantados entre nós nos últimos tempos. Discursos negacionistas, falta de empatia, desigualdades sociais, aumento das violências, crise econômica, privilégios, colapso ambiental e necropolítica são alguns dos temas abordados por esta campanha na primeira parte do texto base (VER) e sobre os quais somos chamados e chamadas a refletir profundamente. A segunda parte do texto base (JULGAR) nos convida a compreendermos a realidade da comunidade de Éfeso a quem o apostolo São Paulo escreve a fim de ajudá-los a superar as polarizações internas entre judeus-cristãos e gentios-cristãos. Dois grupos que, dentro da mesma comunidade, viviam em conflito pois não aceitavam que a Igreja de Jesus poderia viver unida aceitando a diversidade. Além das dificuldades internas, exteriormente a comunidade vivia no tempo do império romano sob o comando de Nero e sua pax romana onde para manter-se vivo era preciso aguentar calado a opressão e a exploração. Nesta parte do texto somos convidados e convidadas a refletir sobre os muros que ainda hoje levantamos em nossas comunidades, movimentos e sociedade e, a pensar em maneiras de superar a violência e opressão dos poderosos de hoje. Depois de abrir os olhos para essa complexa realidade que muda muito rapidamente e sermos iluminados pela Palavra de Deus que se torna viva e eficaz na realidade da vida do povo, na terceira parte do texto (AGIR) somos convidados a fazer um esforço na construção de alternativas para a superação das várias formas de animosidade e violência. O texto traz alguns gestos concretos realizados pelas campanhas da fraternidade ecumênicas anteriores e que podem nos servir de exemplo. É importante ressaltar que dentre os gestos concretos a Coleta Nacional da Solidariedade, que neste ano acontecerá no dia 28 de março, domingo de Ramos, contribui para a realização aproximadamente 200 projetos sociais acompanhados pela CNBB através das dioceses e arquidioceses (para mais informações acessar o site da CNBB). Ao assumirmos o compromisso quaresmal de contribuir com a Coleta da Solidariedade e o Fundo Nacional de Solidariedade podemos ajudar a frutificar inúmeras iniciativas que, em sintonia com a doutrina da Igreja, geram vida digna e esperança para inúmeras pessoas. Finalmente somos convidados e convidadas a celebrar. Celebrar a vida, celebrar a diversidade e celebrar a luta de cada pessoa de boa vontade que se engaja na construção de uma sociedade menos desigual, de um mundo de paz fruto da justiça. Esta não será uma campanha fácil, a abertura da CFE-21 acontecerá na Quarta-Feira de Cinzas, mas ela já sofre duras críticas por parte daqueles e daquelas que se julgam mais puros, mais santos, mais fiéis a doutrina católica. Todavia é importante saber que a Campanha da Fraternidade tem lado; o lado dos pobres e oprimidos deste tempo, os preferidos de Jesus. É importante ainda dizermos que a Campanha da Fraternidade existe há mais de 50 anos em absoluta comunhão com o Magistério da Igreja e com a Doutrina Social da Igreja. A Campanha deste ano é ECUMÊNICA, ou seja, foi construída em comunhão com as outras Igrejas Cristãs membras do CONIC (Conselho Nacional das Igrejas Cristãs). O ecumenismo é motivado na Igreja Católica pelo menos desde o Concilio Vaticano II. Assim pedimos que Jesus de Nazaré nos ajude a sermos mais parecidos e parecidas com Ele, construtores e construtoras de pontes que conduzam a fraternidade, à justiça e à paz. *(Você pode contribuir com o Fundo de Solidariedade da Arquidiocese de Campinas.
Faça sua doação: Banco Bradesco: Ag.3088/ CC.9955-4 – CNPJ: 44.588.960/0001-90)
Reginaldo Nascimento / Vera Faria / Vera Úrsula
Coord. Colegiada da Comissão Arquidiocesana da C. F. da Arquidiocese de Campinas – SP