Conjuntura, pandemia e os desafios atuais

Na atual conjuntura, podemos destacar dois elementos iniciais: a piora nas condições de vida do povo brasileiro e o acirramento dos conflitos políticos, inclusive entre as facções das classes dominantes, com desfecho incerto sobre as saídas para a crise atual. O setor que fizer uma leitura correta da realidade  e apontar saídas adequadas para a crise atual poderá hegemonizar a luta política, permeada pela crise sanitária do COVID, que afeta toda a dinâmica social.

Conjuntura, pandemia e os desafios atuais
Guida Calixto, Vereadora do PT Campinas – SP – Fonte da Imagem: ACidade ON

Entre os setores que se contrapõem ao bolsonarismo, à direita, está em curso um processo de desgaste do governo federal sem que se altere seu conteúdo ultraliberal, vide o apoio de variados setores à política econômica, aos ataques aos direitos dos trabalhadores, aos desmonte dos serviços públicos, assim como também pela recusa de pautarem o impeachment de Bolsonaro. Esses setores são contrários a forma de condução do atual governo, mas favoráveis ao seu conteúdo econômico e social.

À esquerda, no campo popular, alguns desafios estão postos: (I) o tratamento em relação a pandemia, a vacinação, ao sistema público de saúde; (II) o debate público sobre o emprego, os salários, a geração de renda, o auxilio emergencial, a proteção social: (III)  a construção de uma política econômica e de desenvolvimento; (IV) o debate sobre o papel das forças armadas, da política de segurança, das ameaças neofascista do bolsonarismo; (V) o papel das esquerdas da eleições da Câmara e do Senado; (VI) a luta pelo Impeachment de Bolsonaro, pela devolução dos direitos políticos de Lula.

De nossa parte, defendemos a autonomia da esquerda em relação aos setores que se contrapõem, formalmente, ao bolsonarismo, sob risco de que o protagonismo da oposição seja entregue sem luta, capitulando diante daqueles que protagonizaram o golpe de 2016. É fundamental que o PT lidere um processo de ruptura com esses setores, construindo, junto com os demais setores populares e de esquerda, as condições políticas e sociais para a derrota formal e de conteúdo do bolsonarismo, ou seja, uma luta pelo Fora Bolsonaro, Fora Mourão, seu governo e suas políticas!

Em relação ao drama da pandemia, é importante apontar que não é só o Bolsonaro que adota uma política irresponsável e genocida. Vários governadores e empresários colocam os interesses privados e do lucro acima da vida, colocando a classe trabalhadora diante dos riscos, sem apresentar medidas de proteção social e econômica para os setores mais vulneráveis, enquanto protege os grandes interesses econômicos e financeiros. A pandemia não atinge por igual todos os setores sociais, ela é mais letal contra os setores populares, que são obrigados e enfrentar toda adversidade dos transportes públicos, por exemplo, para manter o seu emprego, enquanto outros setores sociais encontram, em muitos casos, situações mais favoráveis e seguras de vida.

Conjuntura, pandemia e os desafios atuais
Fonte da Imagem: Marxismo21

O que agrava ainda mais a situação atual é que poderíamos enfrentar a pandemia com muito mais eficácia em função da existência do Sistema Único de Saúde (SUS), que, ainda que existam problemas e desafios, é um poderoso instrumento público de atendimento popular, com larga experiência de seus profissionais em vacinação de larga escala. A atual política do governo vai na contramão dessa potencialidade, adotando uma política genocida e de naturalização da situação, agravadas pelas medidas adotadas desde o governo Temer, que congelou os investimentos públicos e sociais, e pelo novo ciclo de contaminações em curso.

Nesse ambiente, é fundamental a luta popular em defesa da vida. A luta pelo Impeachment não é apenas um ato político, é também uma ação humanitária.

Guida Calixto

Vereadora do PT Campinas – SP