Celebrar o mês de maio é celebrar o mês das trabalhadoras/es e juntamente com elas e eles, celebramos o mês de Maria, mãe trabalhadora e libertadora, que deu seu sim incondicional a Deus, “Eis aqui a serva do Senhor faça-se em mim segundo a Vossa vontade” (Lc. 1,38). Em seguida se dirigiu a região montanhosa para se colocar a serviço de sua prima Isabel.
Maria é uma virgem adolescente da aldeia de Nazaré da Galileia. O anjo chega junto dela com palavras de ânimo e coragem dizendo. “Alegra-te, tu és a agraciada. Tu não estas só. O Senhor está contigo” (Lc.1,28). Maria fica surpresa ao ouvir tudo isso. Parece ficar apreensiva. O anjo busca tranquilizá-la dizendo. “O Senhor está contigo”. A expressão, “Coragem, Deus está contigo!”, ainda nos dias atuais, se usa para animar pessoas que vivem momentos difíceis. E Lucas diz que Maria se pôs a pensar sobre o significado desta saudação. Certamente ela pensou: eu sou a agraciada de Deus? Como?
Nos dias atuais, faz- se necessário resgatar a dimensão Divina do ser humano para se construir uma cultura de vida que se sobreponha à cultura da morte, tão vigente na sociedade atual. A morte se apresenta com uma diversidade grande de facetas como: a violência física, psíquica, social, moral, especialmente a violência contra mulheres, crianças e jovens pobres e negros o preconceito e a desigualdade social, sexual, racial, geracional e religiosa. Enfim, são incontestáveis as facetas da morte que vivemos na atualidade. A experiencia do Divino revelada em Maria de Nazaré deve contribuir para se resgatar o Divino da vida e da dignidade social de toda criatura humana. A autoestima e a dignidade são resgatadas na inter-relação e integração do humano no Divino, de modo que, quanto mais humanos formos, mais divinos seremos.
O anjo de Deus dialoga com Maria sobre o plano Divino de realização da Promessa de Israel (Is. 7,14) na história humana. O povo de Israel esperava a chegada do Emanuel – Deus conosco para libertá-los da opressão, das guerras, e toda a injustiça. Sua esperança estava na manifestação de Deus na história. Em Lucas, Deus propõe a contribuição de Maria trabalhadora para cumprir sua promessa de salvar e libertar Israel. E à Maria é dada a liberdade de questionamento, a fim de fazer sua escolha livremente e tomar sua decisão consciente (Lc. 1,34). Maria tendo a certeza de Deus com ela, cheia do Espírito Santo assume o compromisso, e livremente da sua palavra. E Maria de Nazaré é respeitada no seu direito de decidir sobre sua sexualidade. (Lc. 1, 28-38).
A busca insaciável por salvação e libertação continua ainda hoje presente nos corações de mulheres e homens, trabalhadoras/os, sofridas/os, violentadas/os, desprezadas/os e excluídas/os. Deus continua seu compromisso de realizar a Esperança Esperançada que está no coração das pessoal e dos povos sofridos e desprotegidos.
Portanto, Maria contribuiu para o cumprimento da promessa de Israel. A proposta libertadora de Deus passa pela mediação humana, Maria de Nazaré. Hoje, é através de nossos corpos de mulheres e homens que se manifesta e é reconhecida na história. É no agir cotidiano dos humanos com suas boas obras que o Divino é conhecido e o seu Reino é proclamado. Em Maria de Nazaré temos um modelo de manifestação Divina na história humana. O Divino está junto do humano. Deus coabita no humano e brilha no mundo através do agir de mulheres e homens, que lutam pela libertação e o bem-estar de todos.
Vagner Emilio Beli
Pastoral Operária de Campinas – SP