Os trabalhadores e suas organizações vem sendo, ao longo de décadas, atacados em seus direitos pelos patrões e governos. Os direitos que como classe trabalhadora conquistamos durante o ascenso vivido no Brasil, com grandes greves que eclodiram por todo o país teve como resultado a constituição de 1988.
Ainda que a consolidação da constituição de 1988 tenha sido uma grande conquista para a classe trabalhadora e uma derrota da ELITE BRASILEIRA, era necessário que os trabalhadores e suas organizações, em conjunto com a sociedade civil organizada, continuassem a pressionar os governos federal, estadual, e municipal a implementar, na prática, as leis aprovadas que constam na constituição: direito ao trabalho, educação, saúde pública de qualidade, moradia, transporte público, reforma agrária etc.
Já nos anos seguintes, no início da década de 1990, a classe trabalhadora vai viver o oposto da década de 1980. Os patrões vão se organizar através da FIESP, CNI e vão utilizar o ex-sindicalista LUIZ ANTONIO DE MEDEIROS, um pelego histórico aliado dos patrões, e assim criar a FORÇA SINDICAL, para combater a CUT. Criam o slogan: SINDICATO DE RESULTADO (o importante é dinheiro no bolso do trabalhador). Na realidade, isto era para justificar o que eles iriam fazer com os direitos dos trabalhadores, flexibilizando e retirando DIREITOS HISTÓRICOS dos trabalhadores contidos na CLT, constituição e convenções coletivas.
Ainda neste contexto político, a ELITE BRASILEIRA se une a partidos políticos de direita e elege Fernando Collor presidente do Brasil, com discurso de combater os privilégios no serviço público, e cassar os marajás. Com esse discurso do governo Collor e dos patrões, se inicia o desmonte do estado brasileiro, negando o caráter de estado de bem-estar social aos cidadãos/ãs substituído pelo estado mínimo. O papel do estado passa a ser de garantir o funcionamento da iniciativa privada, abrindo mão de impostos através de isenções fiscais e, ao mesmo tempo, sucateando os serviços prestados à população e precarizando as condições de trabalho dos servidores públicos.
Por outro lado, a derrota do PT/LULA para FERNANDO COLLOR se configurou em uma derrota de toda esquerda brasileira, o que deu início a um processo de fragmentação política bastante significativa no movimento sindical.
A CUT que até então tinha forte hegemonia política e credibilidade no seio da classe trabalhadora, com a derrota do PT/LULA para COLLOR, inicia a mudança de seu posicionamento político, e aceita participar do pacto proposto pelo governo COLLOR, o que traz descontentamento político interno da central sindical. Sindicatos cutistas importantes começam a fazer acordos que sinalizam para conciliação de classe e introduzem a lógica do sindicalismo cidadão.
Essas mudanças políticas vão provocar um acirramento político no interior da CUT, que vai terminar com a desfiliação de sindicatos importantes e, ao mesmo tempo, o rompimento político com importantes agrupamentos que ajudaram a fundar o partido dos trabalhadores e a CUT.
É nesse contexto de um sindicalismo fragmentado, dividido e enfraquecido que a classe trabalhadora se encontra até os dias de hoje.
Por outro lado, nos anos em que o PT esteve governando o País, houve por parte da CUT e dos movimentos sociais organizados um esvaziamento político das pautas e das lutas nas ruas e de pressão sobre o governo para não serem vistos como oposição ao próprio governo. Essa posição foi um equívoco, porque o papel político dos sindicatos combativos e movimentos sociais é de cobrar e pressionar para que as reivindicações dos trabalhadores sejam atendidas, e esta cobrança deve acontecer sob qualquer governo de ESQUERDA ou DIREITA, caso contrário, passamos a considerar a luta para chegar ao poder do estado como um fim e não como meio.
É fato que não podemos comparar os mandatos do ex-presidente LULA e da ex-presidenta DILMA com todos os governos anteriores aos deles, e nem com o fascista BOLSONARO, mas mesmo sobre o governo de esquerda, a classe trabalhadora brasileira sofreu derrotas trabalhistas, porque apesar de ter tido muitos avanços referentes às questões sociais e a vida do povo pobre, o governo manteve a lógica e o caráter do estado mínimo, e ao mesmo tempo, manteve a aliança com o capital na conciliação de classe. Ao mesmo tempo a CUT e o PT esvaziaram as ruas para que não houvesse pressão política de reivindicações sobre o governo.
Portanto, é neste contexto político com a esquerda dividida, fragmentada, enfraquecida e com a classe trabalhadora recuada, que a burguesia, junto com os patrões e partidos da antiga direita, vai organizar o golpe político institucional contra o governo da presidenta DILMA.
A burguesia brasileira, apoiada pelos patrões através da FIESP, vai às ruas com um discurso ANTI CURRUPÇÃO, que na verdade sempre foi a prática exercida por eles, e buscam fazer colar no PT e na esquerda o slogan da corrupção, e assim consolidam o golpe político institucional contra um governo legitimamente eleito pelo conjunto dos trabalhadores e do povo pobre. Desta maneira o traidor, vice-presidente MICHEL TEMER do MDB assume o governo e inicia um ataque aos DIREITOS TRABALHISTAS e ao povo pobre jamais visto e com o apoio dos patrões da FIESP, CNI, banqueiros, grandes latifundiários e partidos da ordem burguesa aprova uma reforma trabalhista, que representa um retrocesso de 30 anos de luta e conquistas da classe trabalhadora, direitos contidos na CLT e na Constituição.
Em seguida com a eleição do fascista BOLSONARO, vem a reforma da previdência que acaba de nocautear os trabalhadores e o povo pobre.
Hoje a classe trabalhadora brasileira e o povo pobre estão politicamente derrotados em seus direitos trabalhistas que foram conquistados com muitas lutas por trabalhadores que perderam suas vidas, ex.: SANTOS DIAS. Hoje direitos estão sendo retirados pelas reformas trabalhista e da previdência: aprovação da terceirização para todos os setores de produção das empresas, as mudanças nas NRS que altera o ambiente de trabalho, fim do ministério do trabalho, fim das perícias médicas feitas pelos peritos do INSS no local de trabalho, contrato de trabalho intermitente, banco de horas, teletrabalho home office, parcelamento das férias, fim da obrigação das empresas ir fazer homologação no sindicato etc.
Ainda há uma luz no fim do túnel, depois desse estado de paralisia da classe trabalhadora e das suas organizações, começam aparecer sinais de uma unidade política para a retomada das mobilizações e das lutas organizadas pelas centrais sindicais, sindicatos, movimentos sociais, e partidos políticos do campo da esquerda brasileira, e com reivindicações comuns na tentativa de reocupar as ruas para pressionar por direitos ao emprego, salários, direitos sociais e mudanças políticas na condução do país e exigindo nas ruas o FORA BOLSONARO !!!
Jair dos Santos | Diretor do Sindicato dos Metalúrgico de Campinas e Região
Militante do Movimento Negro na Luta Política de Combate ao Racismo e toda Forma de Preconceito e Discriminação