Em outubro, mês das Missões, voltamos nosso olhar para Maria, a mãe de Jesus. Foi ela missionária, assim como filho, o Missionário do Pai?
Pensamos, em geral, nas missões na África, na Ásia ou na Amazônia. Mas ela nem sabia da existência dessas terras… Aliás, ela não sabia de muitas coisas.
Do que ela sabia? Sabia que era uma filha querida de um Deus de Amor. E no momento da Anunciação, ela ficou sabendo que tinha sido escolhida, por pura graça, para ser a Mãe do Filho de Deus.
Será que ela pensou que iria virar uma imagem nos altares de igrejas, um dia? Com certeza não, assim como seu filho, que também não sabia. O que sabiam era que, respondendo ao impulso do coração, adoravam a Deus, seu Criador e Senhor, e desejavam fazer sua santa vontade. Vontade de que seu reino de amor, justiça e paz fosse implantado em todo o mundo.
Como ela iria fazer isso? Fazendo, simplesmente, o que seu coração, repleto de Deus, inspirava na vida de cada dia. Tendo recebido do anjo a informação de que Isabel, já idosa, ia ser mãe, correu para ajudá-la, embora também estivesse grávida de Jesus. E ficou na casa dela o tempo que foi preciso, voltando quando João Batista já tinha nascido e havia mais gente lá para ajudar nos cuidados com o menino.
De volta a Nazaré, suportou com humildade e coragem as incompreensões de muita gente, inclusive de José. Ele logo foi esclarecido por Deus sobre o que havia acontecido, e desde aí formaram um casal muito unido, pronto para enfrentar juntos todas as dificuldades da vida (que não foram poucas!).
Como teria sido o dia a dia deles? Certamente José saia para trabalhar, construindo casas, fazendo reparos, plantando e colhendo nos campos, mas também ficava em casa trabalhando a madeira, pois era carpinteiro.
E Maria? Como as mulheres daquela época, não trabalhava fora. Cuidava da casa e tinha muito trabalho, pois não havia água encanada, nem eletricidade, nem gás para cozinhar. Sua casa era pequena e precisava mantê-la sempre em ordem, para caber tudo o que tinha, embora fosse pouca coisa. Buscar água era penoso, lavar roupa, mais ainda. Porém, ela fazia tudo de bom coração e ainda ajudava as vizinhas com as crianças, a limpeza, a cozinha, como fez com Isabel. Tinha que fazer tudo rápido, durante o dia, pois à noite não havia luz e era tempinho que tinha para conviver com a família, ouvir o que contavam o marido e o filho, compartilhando suas alegrias e tristezas, dando aquele apoio que eles necessitavam.
Sobrava tempo para “fazer missão”? Ora, ela fazia missão o tempo todo!
Como assim? Como o Papa Francisco colocou, no tema do mês missionário do ano passado: “Eu sou a missão de Deus nesse mundo”. Imaginem! Quem somos nós para sermos a missão de Deus nesse mundo?
Neste ano, Francisco explicou melhor, com o tema missionário: “Jesus Cristo é Missão”. Nós somos o corpo de Cristo, portanto, também somos missão. E Maria é a mãe dele, então, Maria é missão!
Interessante que o Papa usa o verbo “ser” em vez de “fazer”, como temos o costume de dizer: “Vamos fazer missão neste domingo”, por exemplo. É bom pensar bastante nisso.
Maria era missão, fazendo as coisas que teria que fazer mesmo no dia a dia. Transbordando o amor de Deus que enchia seu coração e a inspirava a agir com justiça, paciência e alegria, fazia o bem sem olhar a quem. Como fazia seu filho Jesus, dando atenção a todas e todos, em especial àquelas pessoas mais necessitadas de saúde e de carinho. Clamava por justiça e defendia a vida em primeiro lugar, pedindo e lutando para que viesse logo o Reino de Deus. No nosso dia a dia, Maria caminha conosco, ajudando-nos a participar da missão de Jesus, abrindo nossos olhos para ver, nas tarefas corriqueiras de nossa rotina diária, o Reino de Deus que se revela e se constrói.
Maria Soares de Camargo
Comissão de Animação Missionária