Santo Dias e sua Trajetória Histórica de Vida

Santo Dias e sua Trajetória Histórica de Vida
Fonte da Imagem: Rede Brasil Atual

Santo começou sua vida, no interior de São Paulo, como lavrador, junto com pais e irmãs. Tempos difíceis, exploração dos boias frias e camponeses colonos pelos fazendeiros. O Brasil estava implantando as indústrias automobilística, siderúrgicas e muitos outros segmentos industriais. São Paulo concentrava estas indústrias. Na busca por melhores condições de vida, milhares de famílias vieram para São Paulo. E a família de Santo Dias e Anízio Batista também.  Começava na capital a explosão de moradia e loteamentos clandestinos. Santo veio morar na Região Sul, Vila Remo e Anízio no Ipiranga. Santo começou sua militância no bairro de Vila Remo. Lá faltavam escola, posto de saúde, creche, água encanada, energia elétrica… Ele e Ana, sua esposa, se destacavam na organização do bairro. Com a participação ativa na comunidade da Igreja Católica de Vila Remo, Santo logo ganhou liderança nas reivindicações da população. Como operário de fábrica, começava a organizar seus companheiros para reivindicar seus direitos: salários melhores, refeição, segurança no trabalho… Ele com sua calma e inteligência, conseguiu a confiança dos operários e organizou greves. Santo e Anízio com suas trajetórias foram aprendendo juntos, com as comunidades, sociedades, amigos, CEBs (Comunidades Eclesiais de Base). Com esse crescimento, numa época difícil da repressão militar, de 1964 a 1985, Santo trabalhou em várias empresas metalúrgicas da capital Paulista como liderança. Com os movimentos das Igrejas e as organizações dos trabalhadores, a Igreja funda a Pastoral Operária/SP. Santo se engaja na PO, lá ele se destaca, junto com Anízio e outras lideranças. Neste momento o movimento sindical metalúrgico de São Paulo, forma a oposição sindical da Capital, para derrotar os pelegos. Santo se destaca na luta da Oposição, fazendo as comissões de fábrica clandestina onde organizava os operários, por seus direitos trabalhistas e as lutas coletiva nas reuniões de interfábricas, onde os operários discutiam os problemas de cada fábrica, e sindicalizávamos os companheiros, para participar das assembleias sindicais. Por isso os pelegos não ganhavam nenhuma votação nas assembleias. Nas greves tiradas em assembleia, a oposição era quem dirigia, junto a categoria. Os pelegos boicotavam, mas a oposição a mantinha organizada. Apesar da repressão nossas lutas sindicais, movimentos das comunidades, Pastoral Operária, CEBs, movimentos populares se mantinham organizados. Santo estava em todas essas lutas, ajudando a organizar e lutando junto com os operários. Nas eleições sindicais, era difícil a oposição concorrer contra os pelegos, mas concorremos algumas vezes. Como não podíamos acompanham as votações, elas eram sempre fraudadas. Mas de 1975 a 1978 fizemos uma organização eleitoral em todas as fábricas metalúrgicas. Por isso em 1978 e concorremos em igualdade contra os pelegos. Com um quadro preparado, oposição organizada em todos os bairros e regiões de São Paulo, fomos para a formação da chapa da oposição. As lideranças escolhidas para compor a chapa foram tiradas em reunião de cada fábrica. O critério era quem tem trabalho e liderança junto as fábricas e operários. Anízio e Santo sabiam que seriamos destaques nessa jornada, então fizeram uma avaliação familiar com Ana esposa de Santo e Albertina minha esposa. Elas concordaram que tinham que assumir. Veio o congresso da oposição sindical metalúrgica de São Paulo, respaldando os nomes escolhido pelas fábricas, Anízio Batista Presidente e Santo Dias Vice. Conduzimos o pleito, junto com toda a diretoria e os organizadores das regiões. Saímos vitoriosos nas votações e provamos para o procurador as fraudes das urnas. Este anulou o pleito: Vitória. Mas os militares mantiveram os pelegos, nem com três mandatos de segurança conseguimos reverter. Portanto fica aqui a saudade do meu companheiro Santo Dias naquelas batalhas nas organizações sindical, PO, Movimento Populares, CEBs… Santo deixou sua capacidade organizativa. Com isso numa greve geral dos Metalúrgicos da Capital, num piquete na fábrica Silvanya em Santo Amaro, Santo foi baleado pela repressão da ditadura militar.

Santo vive.

Santo Dias e sua Trajetória Histórica de Vida
Fonte da Imagem: Memórias da Ditadura

Anízio Batista

Pastoral Operária Campinas – SP

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