Se fere nossa existência, seremos Resistência!

Para o 8 de março de 2022, as mulheres poderiam estar comemorando tantas conquistas, fruto de nossas lutas!

Se fere nossa existência, seremos Resistência!
Fonte da Imagem: Desconstrução Diária

Festejaríamos um salário-mínimo reajustado para todas as trabalhadoras em sua labuta doméstica, de cuidados com a família, pagas mensalmente, com reposição das perdas da inflação até o dia da aposentadoria, pelo trabalho de reprodução da força de trabalho para o capitalismo.

As mulheres que possuem duas ou mais jornadas, que estão no mercado de trabalho, estariam orgulhosas por receberem um salário igual ao dos homens, por desempenharem as mesmas ocupações profissionais, e isto seria lei fiscalizada, conhecida e cumprida em qualquer empresa. Os anos a mais de estudo das mulheres seriam reconhecidos nos salários e nas estruturas de carreiras do setor público e privado. No próprio sistema educacional haveria uma formação humanista central sobre a questão da igualdade e de direitos de gênero, comemorando a riqueza da diversidade de raça, classe e gênero dentro de cada escola.

Dançaríamos neste dia 8 de março, com alegria, ao sabermos do fim da violência doméstica e dos estupros, graças às políticas públicas eficientes na proteção as mulheres de Campinas e região, produzidas pelos movimentos feministas em criativo diálogo com o poder público.

O feminicídio seria uma lei esquecida, porque as vítimas teriam abrigo, acolhimento seguro do Estado, junto com seus filhos. com os agressores denunciados, cumprindo pena em regime semiaberto, mas prestando serviços comunitários com controle e avaliação social.

Haveria um Memorial para as mulheres vítimas de feminicídios e um acompanhamento dos casos, pelo fim da impunidade dos assassinos. A sociedade civil teria uma Comissão da Verdade para que o período de extermínio diário de Mulheres, principalmente negras, indígenas, população LGBTQI+, nunca mais fosse esquecido.

Teríamos o prazer de apresentar para outras sociedades as nossas instituições especializadas em monitorar com transparência todos os casos de violência de gênero que surgissem, bem como as Delegacias de Mulheres receberiam cem por cento das notificações de tentativas, seriam o fim das subnotificações que sempre ocultaram muita dor física e emocional.

Na praça apinhada de mulheres coloridas cantaríamos o fim da pandemia, os cuidados da saúde pública para conosco através do Sistema único de Saúde, dos Postos de Saúde e dos Hospitais de excelência, funcionando para proteger o direito a saúde coletiva, preventiva, sem preconceitos a qualquer tipo de família. A mulher estaria salva, pois em caso de necessidade de aborto, a lei ampararia de imediato, garantindo seu direito ao próprio corpo.

Nossas organizações feministas seriam chamadas para compor o Plano Diretor da Cidade como nas sociedades democráticas mais avançadas do mundo, a cidade seria pensada por Mulheres para atender a toda família. Garantiria o direito ao transporte público, iluminação em todas as ruas da periferia e onde mais fosse preciso. Definiríamos pontos estratégicos em todas as regiões, apontando locais para a instalação de lavanderias públicas, restaurantes populares e atendimento integral e um aumento grande de creches para as trabalhadoras de toda a periferia do município. Seria aprovada uma lei Despejo Zero para garantir o direito à moradia dependendo do grau de vulnerabilidade social.

Se fere nossa existência, seremos Resistência!
Fonte da Imagem: JTV

Os quintais, terrenos baldios e praças abandonadas seriam ocupadas pela agroecologia, produziria alimentos saudáveis, sem agrotóxicos. Haveria capacitação continuada das mulheres e interessados em cultivar estas terras e multiplicariam os pontos de feiras agroecológicas na cidade, organizadas pelas agricultoras urbanas. Teríamos uma cidade sem fome.

Perseguimos esta utopia no nosso dia a dia e sonhar faz parte do destino de quem anda com fé e a fé não costuma falhar!

Sabemos que as Mulheres – de novo – serão o centro da disputa de poder este ano e teremos que fazer a diferença nas próximas eleições. Somos maioria da população do país e precisamos enfrentar esta realidade de destruição econômica, política e social. Por isso seguiremos na luta por soberania, democracia e liberdade para o Brasil.

Doraci Lopes

Marcha Mundial das Mulheres (MMM)