
Não dá para falar de democracia, sem falar de políticas públicas, ainda mais quando temos a urgência de repensar nossa forma de ser e estar no mundo, a partir do paradigma ecológico: Somos Natureza! Esta premissa tão provocativa em nossos dias, surge do chamado do Papa Francisco, para que o ser humano se compreenda como parte de uma comunidade diversa de vida, e que reside na Casa Comum, em que tudo o que existe está interligado de modo necessário.
No entanto, há um abismo terrível entre esta perspectiva vital com as respostas dadas pela sociedade, em especial, por empesas e governos diante do cuidado com o planeta. As catástrofes climáticas e ambientais têm colocado em jogo a vida humana e sua forma de se organizar não só em territórios rurais, mas de modo evidente nas grandes cidades. As cidades não são planejadas para o bem viver do povo. As condições de vida digna têm afetado drasticamente os direitos de crianças, idosos e grupos em situação de vulnerabilidade, como pessoas em situação de rua e residentes em periferias, na sua maioria negras. É preciso repensar a urbanização das cidades, considerando o direito ao saneamento básico, moradia digna, espaços de educação de qualidade como projeto integral para superar a desigualdade histórica e os impactos climáticos.
Já, no campo e nas florestas, é necessário investir em formas de produção alternativas ao agronegócio existente e à depredação dos biomas, que respeite a biodiversidade e a cultura ancestral dos povos. Com base na agroecologia, agricultura familiar e orgânica, assim como na demarcação de terras dos povos originários, que defendem um estilo de vida baseado no cuidado da terra como mãe (Pachamama). Enfim, o cuidado com a Casa Comum deve ser um pacto universal construído todos os dias no estilo de vida das pessoas, mas também em mudanças na estrutura política, econômica e de políticas públicas.


